Para dizermos algo, temos que estar carregados das
características daquilo que afirmamos. Em qualquer hipótese você tem que ter
essa “munição” ou “aparência”, seja argumentativa ou característica.
Existem algumas características do povo negro que
temos que destacar:
A primeira delas é que esse povo foi escravizado
durante muitos e muitos anos e sofreram como nunca, e na pele, as dores de uma
sociedade doente e que se achava superior aos outros. Esse povo, que se achava
melhor que os demais, sem perceberem que somos todos iguais, os maltratavam e
maltratam, por estarem cheios de si mesmos.
Outra característica é que eles foram escravizados
em terra que não era a deles. Foram retirados de seus lares para trabalharem de
forma desumana em local desconhecido e sob ordens de pessoas que não tinham a
menor compaixão ou vínculo, só queriam sugar toda energia daquele povo para que
os seus “palácios” fossem mantidos com todo o “luxo” e sem o menor esforço.
Outro ponto é que para esse povo, na época da
escravidão, pelo menos aqui no Brasil, era possível comprar a sua liberdade.
Mas era extremamente difícil e era algo para uma vida inteira. Isso se não
morressem antes de tanto trabalhar para os seus senhores. Mais quando compravam
a sua liberdade, ficavam na berlinda da sociedade, pois não eram aceitos nem
mesmo como cidadãos e tinham, apesar da “alforria”, uma marca de eternos
escravos (que às vezes permanecem até hoje, infelizmente!).
Mas o mais importante é que para afirmar que sou
negro tenho que ter uma marca indelével. Algo que não precisa de ser
proclamado, conclamado. As pessoas olham e veem essa marca e já afirmam a sua
raça sem precisar de explicações ou sugestões.
Isso mesmo leitor, é a cor da pele!
Essa foto aí embaixo é minha e o que você vê?
Posso fazer o que for que não há meios de afirmar
que sou negro, pois falta o requisito principal para eu poder fazer tal
afirmação. Eu não tenho a pele negra!
Se não tenho a pele negra não há meios de eu ser identificado como tal,
concorda?
Se sou negro, as pessoas assim me identificam, sem
precisar de mais nada para isso. Se não sou, não sou; e não há meios de ser
diferente.
Coloquemos a palavra de Deus nessa história:
Se afirmo que sou de Cristo, tenho obrigatoriamente
que carregar certas características que me diferem daqueles que não proclamam a
mesma fé, essas características também são indeléveis.
A primeira delas diz respeito exatamente à
escravidão. Vejamos o que se passou com o povo de Deus. Os hebreus entraram na
terra do Egito “pela porta da frente”, pois o filho querido de Jacó (Israel)
havia se tornado Governador do Egito e só estava abaixo do Faraó (Gênesis
41:39,40). Todo aquele povo foi recebido ali justamente por causa da relação
que tinham com José, que pelo nome do Senhor havia feito grandes coisas naquela
terra. Depois da morte de José (Gênesis 50:22-26) ascendeu ao trono do Egito um
novo Faraó que nada sabia a respeito dele e temeu o numeroso povo hebreu que
ali estava, resolvendo escravizá-los e obrigando-os a trabalhos forçados (Êxodo
1:8-14).
E hoje, o que nos escraviza? Hoje o homem é escravo
do pecado (Romanos 6: 6, 16, 17, 20; 2 Pedro 2:19). No entanto, muitos de nós,
mesmo aqueles que confessaram a Cristo, parecem que optam por permanecerem no
pecado não usufruindo da liberdade que temos em Cristo (Salmos 119:45; Lucas
4:18; Romanos 8:21). Gálatas 5:1 – NVI diz que “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam
firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão.” Em
seguida, a palavra de Deus alerta-nos para não utilizarmos a nossa liberdade
para darmos ocasião à carne (v. 13). De igual modo Pedro também faz esse
alerta, dizendo que devemos viver “...como
pessoas livres, mas não usem a liberdade como desculpa para fazer o mal; vivam
como servos de Deus.” (1 Pedro 2:16)
Meu irmão, seja verdadeiramente livre em Cristo!
Outro fato interessante é quanto ao local onde
estamos hoje. Quando a palavra trata sobre os exemplos de fé (Hebreus 11),
temos a história de Abraão. Vamos ler os versículos 11 ao 16 – NVI:
Pela fé Abraão — e também a própria Sara, apesar de estéril e avançada em idade — recebeu poder para gerar um filho, porque considerou fiel aquele que lhe havia feito a promessa.
Ou Pela fé, Sara também, que era de idade avançada, pôde ter filhos,
Assim, daquele homem já sem vitalidade originaram-se descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e tão incontáveis como a areia da praia do mar.
Todos estes viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-no de longe e de longe o saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra.
Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria.
Se estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar.
Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, e lhes preparou uma cidade.
Percebem? O Senhor nos prepara uma outra pátria.
Uma pátria livre do pecado que nos prende, do pecado que nos escraviza. Você
quer ter com Ele? Ser livre? Então entregue a sua vida a Ele! Mesmo você que já
o conhece, entregue TUDO, para que não voltemos a nos escravizar novamente.
Se algo te impressionou até agora, aqui vai o
melhor! O preço da sua liberdade! Nos tempos dos negros escravos, eles podiam
comprar a sua liberdade, o preço era alto e, às vezes, custava uma vida inteira
de trabalho. Mas você não precisa de uma vida inteira trabalhando para comprar
a sua liberdade! O preço da sua liberdade já foi pago e por um alto preço
(inestimável!).
O preço é o sangue do filho unigênito do Pai
Celestial (João 3:16; 1 Corintios 6:20, 7:23). Meu irmão, você não precisa
gastar a sua vida inteira “trabalhando” pela sua liberdade. Não gaste-a com
isso. A sua carta de alforria já está pronta e foi escrita e assinada a pelo
menos 2.000 anos atrás.
Aí você me pergunta: Como consigo “cópia” da minha
carta? É só confessar a Jesus Cristo como Senhor e Salvador de sua vida
(Romanos 10:9) e você será salvo de sua escravidão, será liberto do que te
prende, do que te domina. E a carta será impressa em seu coração, você
simplesmente saberá que É LIVRE EM CRISTO (Jeremias 31:33; Isaias 30:21)!
Quando o Senhor colocar a lei dEle em seu coração,
você será verdadeiramente livre e saberá, pelo Espírito Santo, o caminho que
deve seguir.
Mais aqui cabe um alerta. Os negros escravizados,
quando compravam a sua liberdade, ficavam à margem da sociedade. Não raro, permaneciam
trabalhando para os seus senhores, pois não tinham para onde ir. Hoje, quando
eu e você aceitamos a Cristo como nosso Senhor e salvador, sempre corremos esse
mesmo risco. É que não sabemos lidar, pelo menos em um primeiro momento, com a
liberdade que temos em Cristo. Não raro, assim como os escravos, voltamos a nos
permitir escravizar pelo pecado. Às vezes essas atitude é para nos sentirmos
aceitos pelo sociedade e para voltarmos às velhas práticas escravagistas, pois “é
o que sabemos fazer”. Leiam de novo Gálatas 5:1 e 1 Pedro 2:16.
No entanto, o mais importante de tudo isso é a
marca indelével de que você é de Cristo. O negro é negro porque a cor da pele dele
é negra. Não há meios, ao menos conhecidos por mim, de uma pessoa de cor de
pele clara se tornar negra (apesar de já termos visto o contrário e muitos
termos repudiado isso). À exceção de alguma doença que ataque a pigmentação da
pele, a pessoa não precisa afirmar que é negra, pois já é possível afirmar isso
sem que a pessoa se autoproclame negro.
Tem que funcionar assim também para os Cristãos!
Temos que carregar marcas em que as pessoas nos identifiquem como cristãos, sem
nos autoproclamarmos como tais. Sei que não devemos negar a Cristo e o ponto
não é esse. O ponto é nós dizermos que somos e as nossas “marcas” não
condizerem com isso. A Palavra de Deus nos traz muitos desses exemplos, mas
destacarei primeiramente o que está em Gálatas 5: 22, 23-NVI:
Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei.
Essas são marcas que se você as proclama, podem
fazer com que tenha de si mesmo um conceito não muito equilibrado, o que a
Palavra nos exorta a controlarmos (Romanos 12:3), sob pena de extrapolarmos o limite
da humildade. Não deve existir esforço humano para exalarmos tais marcas; ou
você as têm ou não as têm, mas o Espírito do Senhor sempre estará lá para
imprimi-las em você, basta permitir.
Outro ponto importante, penso eu, é com relação às
perseguições. Todo aquele que se declara cristão genuíno, sofrerá as mais
diversas perseguições. Essa também é uma marca importante. Jesus Cristo disse
que “bem aventurados os perseguidos por
causa da justiça, pois deles é o Reino dos Céus.” (Mateus 5:10-NVI) Existe uma ligação clara entre o Reino
dos Céus e as perseguições. Jesus também disse que seríamos odiados por causa
do nome dEle (Mateus 24:9).
Tais exortações se repetem diversas vezes na
Palavra de Deus. Paulo dizia em 2 Timóteo 3:12 - NVI: “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão
perseguidos.” É quase uma simbiose! Sem um o outro não existe ou não vive
de forma satisfatória.
Paulo afirmava que trazia em seu corpo as marcas de
Jesus (Gálatas 6:17). Essas marcas não são marcas físicas, embora tais também
existissem, mas marcas de um viver para Cristo! Ele sofreu perseguições, foi
espancado, passou fome e nem por isso deixou de ser amável, paciente,
persistente e todas as outras marcas que Cristo nos deixou.
Ele, Paulo, ainda afirmava que apesar de não ser
dos apóstolos de Jesus, trazia consigo as marcas de um: sinais, maravilhas e
milagres, conseguidos com grande perseverança (2 Coríntios 12:12).
Queridos irmãos e irmãs, a religião não é capaz de
produzir tais marcas. São meras regras humanas adaptáveis às situações
cotidianas. Apesar de existir tantas religiões ou sub-religiões que se autodenominam
cristãs, o que mais vemos e sentimos é que muitos dos nossos irmãos carecem de
carregar essas marcas. Seja porque não foram levados a elas, seja porque não as
querem carregar, por julgá-las pesadas demais, ou, até mesmo, por não
acreditarem nelas, afinal “o mundo evoluiu”. Afirmar simplesmente que é Cristão
não é suficiente para essa identificação. Você precisa ter essas marcas
indeléveis de que o é.
Não basta para mim dizer que sou negro, preciso ter
a marca identificadora, qual seja: TER A PELE NEGRA! Mas para ser cristão a
marca que carregamos é Cristo e para essa, basta nascer de novo e viver para
Ele.
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